Sinto-me arroz, sou cocaína.
Vem, deixa-me ler os versos que te mancham as costas; vou-te massajar as dores, e quando achares que te passaram vou parar.
Porque estou aqui, arrozado, sem saber que fazer de mim, e o teu sorriso desconcerta-me. Estou a mil à hora e não saio do sítio, tenho uma sinapse encravada e trânsito mental, bonecas de luxo, affairs e textos proibidos, promiscuidades e heranças. Enquanto tudo me entope e tudo verte pus no meu cérebro, teu cabelo ruivo, tua testa branca e teu sorriso de quem sabe o que quer antes de lá chegar.
Eu sei pouco, pouco. Sei-te a ti hoje, talvez não amanhã. Ando a viver aos soluços, a dar passinhos de marioneta - tenho um arquivo com meus passos que revejo todos os dias, calculando a minha rota amanhã. Pseudo-pessoa? Há quem o diga - cuspo-lhes na cara.
Deixo-me arrastar no marasmo, estou bêbado de mim. Sim, bêbado, sinto o meu travo acre a vermute e detesto como me saibo. Porque não me saibo a vermute, como um dia soube. Não, não ressacarei de mim amanhã. Porque se fui vermute, sou agora chá verde. Se fui coca, não passo agora de acompanhamento de bife para a barriga da burguesia.
[14.12.2010]
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